sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Peixes sentem dor?

Estudo da Universidade de Wisconcisn, nos EUA, prova que não

Néstor Saavedra
Néstor Saavedra
“Vocês, pescadores, são uma porcaria porque não tem compaixão com os peixes. Vão saber o quanto dói nos peixes quando vocês pincham os anzóis neles. Eu faria o mesmo em você, lhe fincando um anzol nos lábios. Vamos ver o que ia acontecer”.
Em quase um quarto de século como jornalista de pesca me disseram estas frases mais de uma vez. Curiosamente, em uma destas oportunidades, uma pessoa que me “provocou” estava comendo um churrasco e contava que usava veneno para matar os mosquitos e as baratas que a incomodavam. Mas, ora, estes também não são seres vivos?
A questão de se os peixes sentem dor ou não começou muitos anos antes de eu me dedicar ao jornalismo, antes até de eu, quando criança, gostar de pesca. Muitas pessoas que buscam “atacar” o caráter recreativo ou esportivo da pesca usam do argumento que “sim, sentem dor”, mas sem nenhuma base científica, somente colocando os peixes no mesmo patamar dos mamíferos, entre os quais estamos nós, os seres humanos.
Faz algum tempo, pelo contrário, pesquisadores da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, publicaram na revista científica Fish and Fisheries e em outros meios, um estudoque afirma que é muito improvável que os peixes sejam capazes de sentir dor, ainda que o enfiem um anzol, ou sejam submetidos a lutas com os pescadores. Isto se deve porque os peixes não possuem estrutura cerebral, nem terminações nervosas suficientes para experimentar as sensações de dor.
Ainda de acordo com esta pesquisa, quando o peixe se debate ou pula logo depois de ser fisgado, somente faz isso porque está reagindo de maneira inconsciente e não está sofrendo.
O professor de zoologia e fisiologia da Universidade de Wisconsin, Jim Rose, assegurou que, apesar de ter injetado substâncias que causariam fortes dores nos seres humanos, as trutas arco-íris usadas para este experimento não mostraram nenhuma sensação ou reação, o que demonstra que seria “muito improvável um peixe sentir dor”.
Algo também interessante do estudo é que ele enfatiza a necessidade de tratar os peixes com respeito. E isto radica uma das características salientes dos pescadores esportivos: é que nós nos esforçamos em encontrar uma maneira de capturar um peixe, mas o devolvemos ao seu meio o mais rapidamente possível e em nas melhores condições.
O prazer do pescador esportivo não consiste em matar. Ao contrário, procura dar ao peixe uma boa chance de ser livre. É a diferença básica de quem pesca para comer e quem pesca para se entreter.
Esta notícia de que não faço os peixes sofrerem afirma ainda mais o meu desejo atávico que está em meu interior e que me impulsa há quatro décadas: querer pescar em todos os cantos possíveis. Não podemos parar!
*Néstor Saavedra é argentino, jornalista especializado em pesca, náutica e turismo para numerosos meios especializados. Recebeu o “Reconhecimento ao apoio da ictiologia continental”, da Divisão de Zoologia dos Vestebrados, da Faculdade de Ciências Naturais e Museu, da Universidade de La Plata. Este artigo pode ser lido em sua versão em espanhol clicando aqui!
Fonte: Pesca & Companhia

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